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quinta-feira, 12 de maio de 2016

NA LÁPIDE DE ZÉ MOLEQUE


























Seguiu numa vida desregrada

Que foi assim adotada

Por percalços do amor e quereres

Que lhe trouxeram dores e prazeres



Levou a vida em irônica alegria

Tinha lá suas razões de contentamento

Apesar dos aborrecimentos

Das aversões de certos dias



Tinha também lá se bem-querer

Ao qual devotava suas atenções

Que era em versos e canções dizer

Do mundo as suas impressões



Já ia longe nesse viver

Vendo já a morte a lhe acenar

No cansaço que já sente ter

Pelos sinais no corpo a lhe enviar



Já nada mais esperava da vida

Mas da morte o que desse e viesse

Farras e companheiros eram sua lida

Até quando o tempo assim o quisesse



Em sua lápide hoje se lê a mensagem

De suas palavras a resumir sua passagem

“valeu ter conhecido desventuras e graças

Ter mergulhado em copos e fumaças



Pois foi assim que intensamente vivi

E até que a morte me trouxesse aqui

Muito amei, muito viajei, muito curti

Muito beijei, muito gozei, muito sorri

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